Da Folha de S.Paulo – George Pedrosa e Patrícia Brito
Em discurso em Caucaia (CE), onde entregou residências do programa Minha Casa Minha Vida, a presidente Dilma Rousseff criticou o que chamou de "minoria" que aposta sempre no "quanto pior, melhor".
"Tem muita gente no Brasil que tem orgulho de ser brasileiro, que tem otimismo em relação ao país, que sabe que este país tem condições de crescer, avançar. Falta muito a fazer? Falta. Mas nós mostramos que somos capazes. Essa é a maioria do Brasil. Agora, tem uma minoria que aposta sempre no quanto pior, melhor", disse a presidente.
"É aquele pessoal que pesca em águas turvas, e que, quando as águas estão claras, nunca conseguem o que querem. Mas quando ficam um pouquinho turvas, pescam em águas turvas", completou Dilma.
A petista voltou a falar de programas sociais, como o Pronatec e Mais Médicos, e citou a inflação ao falar do Minha Casa Minha Vida. "Não vamos abrir mão das políticas que têm ajudado o povo brasileiro a melhorar da vida."
"Eu sei que estamos passando dificuldades. Muitos de vocês temem, acham que a situação está incerta, acham que a inflação ainda está alta, têm medo de perder o emprego. Quero dizer que meu governo pensa em duas coisas. Em como aumentar o emprego, garantir que o país volte a crescer. E reduzir a inflação, pois sabemos que a inflação corrói a renda do trabalhador", disse.
Dilma também voltou a falar sobre golpes e ditaduras, e citou a América Latina. "Não vamos deixar haver retrocesso neste país, nem no que se refere aos programas, nem o que se refere à questão da democracia. Nós todos sofremos as consequências de ter um país que não era democrático, que não respeitava as leis", disse.
"Mudamos a história do nosso país, assim como a América Latina mudou a história dela, que era a história de golpes e ditaduras. O Brasil é um país democrático e que sabe superar as dificuldades, como todos os países do mundo. Mas temos uma característica especial, que é superar isso com muita esperança e muito amor no coração."
À tarde, Dilma se reuniu com cerca de 50 empresários cearenses, numa tentativa de restabelecer a confiança do setor. Também participaram do encontro os ministros Armando Monteiro (Desenvolvimento), Nelson Barbosa (Planejamento), Kátia Abreu (Agricultura) e Antônio Carlos Rodrigues (Transportes).
Um grupo de cerca de 30 pessoas vestidas de verde e amarelo e com bandeiras do Brasil protestou contra Dilma na entrada do Centro de Eventos do Ceará, mas a presidente chegou de helicóptero e não cruzou com os manifestantes.
Ao abrir o encontro, Dilma assinou a ordem de serviço para início das obras do lote 4 da ferrovia Transnordestina e disse aos empresários que, assim como a transposição do rio São Francisco, é uma obra "estruturante" para o Nordeste, que irá "abrir fronteiras", reduzir os custos dos transportes de mercadorias e os gastos com manutenção das rodovias no país.
Disse ainda que a ferrovia irá funcionar como uma "espinha de peixe", ao interiorizar a estrutura ferroviária brasileira. Com 1.753 km interligando o interior de Ceará, Pernambuco e Piauí aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE), a Transnordestina começou a ser construída em 2006, com orçamento previsto de R$ 4,5 bilhões e previsão inicial de entrega para 2010. A conclusão foi adiada diversas vezes e a previsão atual é para 2018, com custo estimado de R$ 7,5 bilhões.