O último presidente da República, eleito por uma “onda”,
Fernando Collor fez o Brasil perder praticamente uma década. Assim como Marina,
ele achava que podia governar sem negociar com o Congresso Nacional e acabou
sendo cassado através de um processo de Impeachment.
Marina diz que vai governar com os bons, venham de onde vier.
O problema é que os bons são poucos, insuficientes, portanto, para aprovar os
projetos no Congresso Nacional. Mesmo precisando se hospedar no PSB, para sair
candidata à vice de Eduardo, ela já criava sérias dificuldades nas alianças que
estavam sendo articuladas nos estados. Vetou uma aliança já fechada no RS, se
recusou a subir no palanque formado em SP, em MG e no RJ e rejeitou uma aliança
com Ronaldo Caiado, representante do agronegócio na Câmara Federal.
Tudo isso sem ser nada. Imaginem como seria no cargo de
Presidente da República. Se levar adiante a promessa de governar com os bons
ela não irá se entender com o Congresso, porque a maioria lá não presta,
segundo seu raciocínio. A maioria lá é composta pelos políticos do PT, do PMDB,
do PSDB, do PSD e de outros partidos adversários seus.
E aí? Ela seguirá com a promessa da “Nova Política”, correndo
o risco de o País afundar, ou irá se curvar diante dos “maus” e praticar a
“Velha Política”? Lula tinha algumas posições parecidas com Marina, mas, ao
contrário dela, ele é pragmático e um excelente negociador. Quando viu que,
para ter o apoio do PMDB, no Congresso, tinha que conversar com Renan, Sarnei e
companhia, ele foi lá e soube fazer as coisas acontecerem.
O resultado é o que temos hoje. Um Brasil bem melhor, disto
ninguém duvida. A Marina, que deverá ir para o segundo turno contra Dilma,
precisa explicar melhor o que ela chama de “Nova Política”. Seria acabar com os
programas de distribuição de renda, que sustenta a economia da maioria dos
municípios brasileiros; paralisar as obras de geração de energia ou da
transposição, que entre tantas outras empregam milhões de pessoas nesse país a
fora? Não custa nada perguntar!
De tudo que a mídia e os adversários têm falado a respeito de
Marina, uma coisa me deixou preocupado: na pregunta feita por Patrícia Poeta,
durante a entrevista da Globo, onde ela questionava a subida nas pesquisas de
intensão de voto, se isto seria pelo desconhecimento, já que na eleição
passada, ela, Marina teria ficado na terceira colocação, atrás de Dilma e de
José Serra, no Acre, seu Estado, onde ele é mais conhecida?
Sabe o que Marina respondeu, diante dos microfones da Globo?
Que contrariou muitos interesses em seu Estado. Tanto que, em determinados
momentos, ficou impedida de circular em algumas regiões.
Então? Já imaginou se numa eventual vitória de Marina ela
iria contrariar os interesses do povo brasileiro, a ponto de não poder andar em
determinadas regiões?
Estamos diante de um fato inusitado, onde uma candidatura,
com grande potencial, está colocada de forma improvisada, por causa de uma
tragédia que comoveu toda nação. Porém, uma tragédia não pode levar a outra. Esse
gigante, chamado Brasil não é brincadeira de “menino buchudo”.
Para governá-lo nunca foi fácil para ninguém. O governo
Dilma, apesar dos ataques que vem recebendo, vem conseguindo vencer a crise,
que se instalou no mundo todo, sem cortar os programas sociais e sem promover
desemprego em massa, como vem ocorrendo em muitos países desenvolvidos.
O Nordeste vem sendo castigado pela maior seca dos últimos 50
anos e mesmo assim não se tem notícia de fome nem de ameaças de saques como
ocorria no passado. Isto se deve as políticas sociais do governo Lula que estão
sendo mantidas pelo Governo Dilma.
Nos últimos doze anos o comércio de Custódia cresceu como
nunca e junto com ele surgiram as oportunidades de empregos. Todo esse comércio
é sustentado em grande parte pelo dinheiro do Bolsa Família e de outros
programas sociais. Os loteamentos se multiplicaram e as construções também,
fruto dos investimentos feitos pelas pessoas que vão trabalhar em outros
estados e aplicam seu dinheiro aqui.
A candidata Dilma projeta um futuro melhor com base no que já
está sendo feito, ou seja, com conhecimento de causa, mostrando dados reais e
resultados já obtidos. O pré-sal é a grande aposta para fazer do Brasil uma
grande potência, inclusive como exportador de petróleo, aumentando
significativamente os investimentos em educação e saúde.
A Marina nem cita o pré-sal em seu programa de governo.
Então, de onde ela buscará recursos para fazer o que promete? Não se governa
fazendo mágica. Por mais que se reduza o número de ministérios, por mais que se
faça economias, por mais que se contrarie interesses não se consegue recursos
suficientes para cumprir as promessas de campanha, se não houver uma fonte
robusta de dinheiro, como o pré-sal promete.
Concluo afirmando que o debate está apenas começando e que o
povo precisa tomar conta dele para que se possa fazer um voto consciente,
avaliando as consequências desse voto.
Vereador Gilberto de Belchior