O governo cubano está pressionando profissionais do programa Mais Médicos, bandeira da presidente Dilma Rousseff (PT), para que seus familiares (cônjuges e filhos) que estejam no Brasil voltem imediatamente a Cuba. Caso contrário, ameaça substituí-los por outros médicos que já estariam selecionados, aguardando vaga.
A pressão tem sido feita diretamente pela vice-ministra da Saúde de Cuba, Estela Cristina Morales, e por seus interlocutores, que vêm se reunindo com médicos cubanos em várias cidades brasileiras. O principal argumento de Cuba é de que no contrato de trabalho do governo da ilha com os médicos só há previsão de que eles possam receber visitas de parentes --sem fazer menção a moradia.
.O Ministério da Saúde diz que não há nada que impeça a família dos médicos de permanecer no Brasil. O artigo 18 da lei de criação do Mais Médicos prevê a vinda de dependentes dos profissionais.
A presença de cônjuges e filhos no Brasil, na prática, facilita a fixação desses médicos cubanos no país, agravando os riscos de fuga de uma mão de obra qualificada, que gera dinheiro para a ilha.
Há casos em que marido e mulher são do programa e têm filhos pequenos. "Temos dois casais de amigos que têm filhos de três e seis anos e que estão sendo pressionados para mandar as crianças de volta, sozinhas", relata outro. "Querem que meu marido volte. Ele está há quatro meses empregado, com carteira assinada. Não é justo", afirma uma médica cubana que atua na Grande SP. Outra teme se separar do marido e do filho de sete anos --já matriculado numa escola. "Se eles forem obrigados a voltar, irei junto."
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