A Audiência será realizada no Centro Paroquial, na Rua João Veríssimo, das 9:000 às 17:000 horas de hoje, sob a coordenação do Pe. Roberto Luciano, tendo como participantes, o governo municipal, câmara de vereadores, sociedade civil organizada e público em geral.
O Vereador Gilberto de Belchior irá encaminhar as sugestões abaixo:
À
COORDENAÇÃO DA I CONFERÊNCIA MUNICIPAL PARA ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE CONVIVÊNCIA COM O
SEMIÁRIDO.
Senhor
Coordenador.
Em
virtude da Política Estadual de Convivência com o Semiárido e da realização da
Conferência Municipal para elaboração do Plano Municipal de Convivência com o
Semiárido, venho através de Vossa Senhoria encaminhar as seguintes sugestões:
1 – Da Elaboração do Plano
1.1 – Caracterização do Município.
O Município de Custódia está
localizado no semiárido Nordestino, Região do Moxotó, com sua economia baseada
na agropecuária, de sequeiro, basicamente como atividade de subsistência. Na
atividade agrícola se destacam as culturas do milho e feijão, já tendo, no
passado, explorado a cultura do algodão, que foi dizimado pela praga do bicudo.
Na atividade pecuária se destacam a
ovino-caprinocultura e a bovinocultura. O município tem uma das maiores feiras
de animais do Estado de Pernambuco, de onde são comercializados animais,
principalmente de pequeno porte, para o agreste e capital do Estado.
1.2 – Identificação de Potencialidades
1.2.1 – Ovino-caprinocultura
1.2.2 - Bovinocultura
1.2.3 - Gastronomia
1.2.4 – Irrigação
1.2.5 – Avicultura
1.2.6 – Artesanato
1.2.7 - Agroindústria
Ovino-caprinocultura
O
caprino tem como hábito alimentar o aproveitamento do feno nativo, ou seja, as
folhas da caatinga nativa que secam, no período do verão e caem sobre o solo
seco. Devido à diversidade de variedades nativas, o feno natural é igualmente
diversificado em termos nutricionais, fazendo da época do verão, o período
ideal de engorda desses pequenos animais.
Já
os ovinos têm um hábito alimentar mais semelhante aos bovinos, mais propensos a
se alimentarem de gramíneas, daí porque o casamento de caprinos e ovinos
permite um melhor aproveitamento das nossas pastagens.
Uma
atividade pecuária baseada na ovino-caprinocultura não pode prescindir de um
bom manejo alimentar, no qual esteja contemplado uma Reserva Estratégica
Alimentar que assegure a manutenção do rebanho no período de estiagem. (Ver Ações Estratégicas)
Bovinocultura
A
bovinocultura já foi uma das principais fontes de renda do Município,
atualmente enfrentando grandes dificuldades em virtude das fortes estiagens e
da destruição da palma forrageira, pela praga da Cochonilha do Carmim.
Outro
fator que vem “encurralando” a nossa bovinocultura é a nossa malha fundiária,
que a cada ano fica mais fracionada, reduzindo os espaços para formação de
pastagens extensivas.
Entretanto,
a bovinocultura, tanto de corte quanto de leite ainda pode figurar como boa
fonte de renda nas propriedades maiores e/ou naquelas com potencial de
irrigação, para formação de Reserva Estratégica Alimentar.
Gastronomia
Por
sua localização, em torno da BR 232, a cidade oferece uma boa opção pela
gastronomia, explorando principalmente o fluxo de pessoas que trafegam pela BR.
Situada
entre a capital do Estado e os maiores centros produtores do interior (Polo
irrigado Juazeiro e Petrolina e polo gesseiro do Araripe), Custódia é ponto de
parada obrigatório para quem vai ou vem desses polos, até porque as opções de
alimentação para quem se desloca de Recife a Petrolina ou Araripina são poucas,
potencializando ainda mais essa proposta.
Irrigação
A
obra da transposição pode gerar uma nova fonte de emprego e renda no Município.
A reativação do perímetro irrigado do DNOCS é apenas um dos exemplos, onde
podem ser gerados mais de duzentos empregos diretos e outros indiretos. Algumas
áreas de aluvião na região de Samambaia e Maravilha podem ser irrigadas, além
de outras áreas de solos, bruno não cálcicos, ao longo de todo canal. Irrigação
é uma das áreas que mais gera empregos e renda e por isso não pode deixar de
figurar no presente Plano.
Avicultura
Com
a implementação das obras da transposição e da transnordestina Custódia reunirá
as melhores condições para implantação de um polo de avicultura e de outros
animais confinados.
Em
termos de logística, Custódia oferece as melhores condições para produção de
aves, etc. Está a poucas horas de viagem para o Porto de Suape e tem a maioria
das capitais do Nordeste num raio de 800 km.
Nosso
clima favorece a atividade avícola, temos mão de obra barata e abundante, além
de uma BR 232, por onde podemos escoar parte da produção.
A
transnordestina terá papel preponderante nessa proposta, pois, fará com que a
principal matéria prima da atividade avícola (soja e milho) chegue até nosso
município por um custo inferior, tornando o negócio mais competitivo, fator
crucial nesse tipo de atividade onde a economia de centavos pode fazer toda
diferença.
A
transposição irá complementar a cadeia de vantagens oferecidas pelo Município,
trazendo o que é de mais importante para viabilização de um polo de avicultura.
O Rio São Francisco tem uma das melhores águas doce do Planeta e irá garantir a
sustentabilidade do empreendimento.
Artesanato
Há
um tempo não tão distante a comida nordestina era feita em panelas de barro,
confeccionadas nas próprias comunidades, uma tradição e uma cultura que passava
de mãe para filhas. As panelas de barro e outros utensílios domésticos eram e
ainda são vendidas nas feiras livres.
Outros
artigos também fazem parte da cultura
nordestina, a exemplo dos arreios de vaqueiros, peças de tecidos, brinquedos,
etc. Essa cultura ainda está viva na memória e na sabedoria popular. Talvez
tenha que ser lapidada e trabalhada, para ser transformar em negócio.
A
BR 232 continua sendo uma excelente vitrine para esse tipo de exposição, que se
bem planejado pode ser mais uma boa fonte de emprego e renda.
Agroindústria
Custódia
também é conhecida como a terra do doce. Certamente a Tambaú exerce uma grande
influência nessa fama, mas, para quem não sabe, nós temos diversas outras
pequenas fábricas de doces. Também temos fabricos artesanais de doces, da
batata de umbu, doce de leite e diversos tipos de bolos.
Nesse
seguimento podemos citar ainda como potencialidade, a agroindústria frigorífica
para beneficiamento da carne e da pele de caprinos e ovinos, podendo surgir
ainda nesse setor, a confecção de artigos de couros, outro mercado importante,
que pode fechar toda essa cadeia, agregando valor ao nosso caprino e ovino, que
atualmente vem sendo vendido em feiras livres, a preço irrisório.
1.3 – Identificação de Entraves
Historicamente,
os grandes entraves para o desenvolvimento sustentável do semiárido nordestino
tem sido a pouca oferta de água. As secas sucessivas, muitas vezes prolongadas
dizimam plantações e criatórios, afetando o capital e afastando a mão de obra
do campo.
O
amadorismo também tem sido um grande entrave para o desenvolvimento, em todos
os setores, inclusive por parte dos nossos empresários. Falta mão de obra
especializa em praticamente todas as áreas, com exceção da construção civil,
onde temos uma grande oferta de mão de obra especializada.
O
excesso de programas sociais, sem a exigência de nenhuma contrapartida dos
beneficiários acaba sendo um entrave para o desenvolvimento, porque as pessoas
acabam se acomodando e perdendo o interesse pelo trabalho.
Nesse
particular, entendo que os governos, como gestores dos programas sociais
deveriam estabelecer metas educacionais e profissionalizantes de forma que os
beneficiários desses programas, depois de determinado tempo, sejam obrigados a
se educarem, se profissionalizarem e ingressarem no mercado de trabalho.
A
falta de crédito e de assistência técnica também são grandes entraves, se bem
que não dá para exigirmos crédito sem profissionalismo, sem capacitação, pois o
Banco do Nordeste já fez isto na área rural e deu no que deu: bilhões foram
injetados na agropecuária e esse dinheiro acabou saindo pelo “ralo”, deixando
todo mundo inadimplente, sem produção, sem renda, além do dano ambiental
monstruoso que ao longo dos anos vem deixando imensas áreas improdutivas por
causa de práticas agrícolas inadequadas, culpa do amadorismo que está presente
em todas as atividades, do qual já falamos anteriormente.
1.4 – Ações Estratégicas
Um
Plano Municipal deve ser pensado a curto, médio e longo prazo, dependendo das
prioridades e da complexidade de cada ação.
Em
virtude da seca que vem impactando a própria sobrevivência humana, tentaremos
elencar aqui algumas ações na área do abastecimento, deixando a discussão sobre os diversos temas aqui abordados para o
grande grupo que irá discutir o Plano Municipal de Convivência com o Semiárido.
Área
Urbana (Sede)
A
nossa área urbana é composta pela sede e pelos distritos. Em ambos a situação
está ficando caótica em virtude da maior seca dos últimos 50 anos, merecendo
toda nossa preocupação e ações estratégicas para o enfrentamento do problema.
Na
cidade nós tivemos um grande avanço, a readequação do sistema de distribuição
de água tratada, faltando agora o que é mais importante, a água.
O
Açude do DNOCS, nossa principal fonte de água, deve entrar em colapso em dois
meses. Não restará outra solução, em curto prazo, que não seja a Bacia de
Fátima.
Mas,
aí temos alguns problemas que precisam ser resolvidos: o volume de água que
está sendo disponibilizado para Custódia não atende as nossas necessidades e
existem problemas que precisam ser resolvidos, na adutora, a fim de que a mesma
possa suportar maiores pressões e vazão, suficiente para atender as nossas
necessidades, mesmo que em regime de racionamento.
A
sugestão é a seguinte: Existe na Bacia de Fátima uma adutora que abastece a
cidade de Flores. Ocorre que Flores já está sendo abastecida pela Adutora do
Pajeú, então, podemos destinar essa água que seria de Flores para Custódia,
desde que a nossa adutora seja readequada para receber esse aumento de vazão e
de pressão.
Área
Urbana (Distritos)
O
maior distrito do Município, em termos populacionais e de renda é Quitimbu.
Este poderia ser Abastecido por uma pequena adutora, proveniente da Bacia de
Fátima, que está a menos de 20 km de distância do Distrito. A Compesa já dispõe
de alguns poços nessa região, suficientes para abastecer toda região (Quitimbu
e sítios vizinhos).
Para
os demais distritos a solução seria a perfuração de poços artesianos e
tratamento para a remoção dos sais da água, através de dessalinizadores. Isto
para obtenção de água para o consumo humano. Para as demais necessidades, a
solução seria utilizar a água bruta de poços artesianos ou carro pipa.
Área
Rural
A
área rural merece toda atenção no Plano Municipal de Convivência com o
Semiárido, pelas razões já conhecidas, algumas das quais relacionamos a seguir:
1) Está desprovida de infraestrutura
hídrica capaz de suportar os longos períodos de estiagens;
2) Ocupar grande espaço territorial, onde
reside grande parte da população;
3) Geração de emprego e renda proveniente
da atividade agropecuária, impacto direto no comércio e na economia no do
Município.
Ações
Estratégicas Pontuais
·
Readequação
da Adutora de Fátima com o objetivo de ampliar a oferta de água para a cidade;
·
Reativação
do perímetro irrigado do DNOCS, através da transposição;
·
Abertura
de novas áreas irrigadas, através da transposição;
·
Fortalecimento
da ovino-caprinocultura, através de uma nova orientação de manejo, adequada à
nossa realidade climática e mercadológica;
·
Implementação
de uma cultura educacional voltada às necessidades do mercado de trabalho, com
inclusão de novos paradigmas que englobem os esportes, a música, as artes em
geral, visando à formação intelectual, cultural e profissional dos futuros
cidadãos;
·
Realização
de investimentos com a finalidade de geração de emprego e renda, através da
implantação de um polo de alimentação, focado no público que trafega pela BR
232, além do público local;
·
Realização
de estudos de engenharia e geologia com a finalidade de perfuração e instalação
de poços artesianos, onde couber, inclusive com sistemas de tratamento de água,
para o consumo humano e construção de açudes, onde não for viável a perfuração
de poços. SUGESTÃO: Perfuração e
instalação de poços artesianos, nas seguintes comunidades: Cacimba Limpa,
Logradouro, Serra da Torre, Sabá, Calderão, Açudinho, Riacho Novo, Boa Vista,
Umbuzeiro, etc., construção, recuperação e ampliação de açudes nas seguintes
comunidades: Sobradinho, São Francisco, Poço do Capim, Jeramataia, etc.;
·
Construção
de barragens subterrâneas, com a finalidade de armazenamento de água, no
subsolo. Esse sistema de armazenamento tem inúmeras vantagens: 1) a água
armazenada fica protegida da evaporação e consequentemente reduzindo a sua
concentração e sais; 2) as barragens subterrâneas podem ser projetadas de forma
a reter os materiais arrastados pela erosão, contribuindo para a redução do assoreamento
dos rios e 3) aumenta as áreas de várzeas, devido a deposição de material
orgânico e mineral e diminui as áreas inundadas;
·
Ampliação
da oferta de água nas comunidades onde não for possível garantir a segurança
hídrica através das formas anteriormente citadas, seja pela via federal,
estadual ou municipal;
·
Recuperação
da palma forrageira, indispensável para a formação de Reserva Estratégia
Alimentar para os rebanhos, bovino, caprino e ovino. Como sugestão, temos as
variedades: Orelha de Elefante Mexicana e a Palma Miúda ou Palma Doce, ambas
resistentes à praga da Cochonilha do Carmim.
·
Implantação
de Sistemas Produtivos para formação de Reserva Estratégica Alimentar dos
rebanhos, (palma, milho, sorgo, etc.), com tecnologia de ponta, através da irrigação
por gotejamento. São sistemas de baixo custo, que demandam pequena quantidade
de água, podem ser empregados nos diversos tipos de solos e relevo e podem
assegurar a sustentabilidade da pecuária do semiárido.
São
essas as contribuições que apresento para esse momento inicial desse debate, me
colocando a inteira disposição para colaborar com a elaboração do nosso Plano
Municipal de Convivência com o Semiárido.
Custódia, 10 de outubro de 2013.
Gilberto
Nunes Valeriano
Vereador