Marina perdeu a chance de virar a mesa

DO BLOG DE RENATO RIELLA   A ex-senadora Marina Silva foi a última a saber. Só ela não sabia que o registro do seu projeto de partido, o Rede, seria recusado no Tribunal Superior Eleitoral. Simplesmente, não deu conta de validar as assinaturas suficientes, porque começou tardiamente esse trabalho. E morreu na praia. A oposição no Brasil é sonhadora, baseada em atos quixotescos, mas vive num mundo prático. Sem dinheiro, sem estrutura, sem orientação jurídica experiente e sem garra não se faz política, principalmente no Brasil, um país que é todo emoção. Não adianta chorar por Marina. Ela já chorou por si mesmo, ao aparecer com expressão derrotada nas capas dos principais jornais. Mesmo derrotada no TSE, como fruto da sua incompetência administrativa para viabilizar as assinaturas, se tivesse sangue nas veias teria feito um discurso forte, de desafio, anunciando que disputaria a Presidência da República assim mesmo e que daria resposta nas urnas. Hoje, se Marina anunciar opção por um partido comum, vai parecer uma solução oportunista, que já não terá impacto. Ela perdeu os holofotes acesos anteontem. E terá muito mais dificuldade para se reconstruir a partir de hoje. As leis da seleção natural indicam, há bilhões de anos, que as espécies mais fortes são as que sobrevivem. E, quase sempre, essas espécies mais fortes são as menos confiáveis. Mas é uma lei mantida há bilhões de anos. Não adianta chorar.