Causou-me perplexidade ao ler o setor de cartas do Jornal do Commercio, de 27 de janeiro último, onde o presidente da Amupe, em resposta ao professor Vandoci Dantas, que o questionou por se posicionar contra o aumento do piso da categoria (o que não é novidade, haja vista que a própria Amupe já confeccionou folder se dizendo claramente contra o piso do magistério), alegou que em média os prefeitos gastam com salários dos professores mais do que a lei determina, que é 60 % do Fundeb, quando se trata de uma verdadeira falácia do Sr. José Patriota, pois a lei, inclusive nossa lei maior, a Constituição Federal (ADCT), diz que 60% são o MÍNIMO dos recursos do fundo que devem ser gastos com salário.
Lembrei-me de Leonardo Boff quando diferenciou aquele que é DE ESQUERDA daquele que é ESQUERDISTA. Disse Boff: "Ser de esquerda é, desde que essa classificação surgiu na Revolução Francesa, optar pelos pobres, indignar-se frente à exclusão social, inconformar-se com toda forma de injustiça ou, como dizia Bobbio, considerar aberração a desigualdade social.
Já ser esquerdista, patologia diagnosticada por Lênin como doença infantil do comunismo, é ficar contra o poder burguês até fazer parte dele. O esquerdista é um fundamentalista em causa própria. Encarna todos os esquemas religiosos próprios dos fundamentalistas da fé. Enche a boca de dogmas e venera um líder. Se o líder espirra, ele aplaude; se chora, ele entristece; se muda de opinião, ele rapidinho analisa a conjuntura para tentar demonstrar que na atual correlação de forças.
Recorri a Boff, pelo fato de que o prefeito de Afogados da Ingazeira e presidente da Amupe, que tem sua origem no movimento sindical, que sempre na vida fez a luta de classes, e que foi vítima, assim como eu, de governantes insensíveis e irresponsáveis com a educação e consequentemente com os professores, usa sua prerrogativa de presidente da Amupe para fazer o combate aos professores em um jornal de circulação estadual e defender os prefeitos como se fossem membros de uma confraria, usando de um expediente esquerdista, conforme citado acima e ainda usando um raciocínio equivocado com aparência de verdadeiro, quando diz que a média de gasto está em 72,4%, acima do estipulado em lei.
Fico solidário ao professor Vandoci na afirmativa que, "fora da realidade Sr. José Patriota, são as mordomias dos políticos", e dentro destas mordomias destacaria a participação do prefeito num camarote oficial da prefeitura de Afogados da Ingazeira num carnaval fora de época, realizado no nosso município no início de 2015.
Sei que a responsabilidade do Sr. Prefeito e Presidente da Amupe é muito grande, sei da dificuldade de ser aquele que representa o pensamento de 184 prefeituras, entretanto o discurso se assemelha muito mais a um pleito sindical do que mesmo o de solucionar um dos grandes problemas do nosso País, sobretudo do meu Pajeú, Pajeú também do prefeito Patriota, A EDUCAÇÃO.
Então, digo ao prefeito Patriota com relação a esse tema, que o nosso dever é marchar no mesmo rumo, o rumo da coerência em saber que o piso ainda é baixo, de ter convicção de que como homem público, cada real tem de ser bem investido, e que, com capacidade de gestão, e isso ele tem, é possível eleger melhores prioridades e pagar até mesmo além do piso.
Honestamente, espero que esse esclarecimento o faça rever seu conceito com relação à educação e ao Fundeb, tal qual ocorreu quando afirmei nesse mesmo veículo que o FPM não baixou, momento em que o Presidente da Amupe dizia o contrário. Vítimas que fomos, eu e ele, de uma política educacional ultrapassada, rogo ao Sr. prefeito que gaste, sem rancor nem lamentos, 100% do Fundeb pagando aos nossos professores, isso ainda será pouco, frente ao déficit que o poder público tem com aqueles que nos educam.
Emidio L. Vasconcelos
Afogados da Ingazeira
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