Adeus, Eduardo

Eduardo Campos, que eu o conheci em 1987, quando Arraes assumia o governo de Pernambuco, pela segunda vez, era realmente uma pessoa extraordinária sob todos os aspectos. Como Chefe de Gabinete do governador, avô, Eduardo nem tinha barba ainda, mas já dava "nó em pingo d'água", como se diz na gíria popular.

Eu havia sido demitido do Estado pelo governador da época, por ter me envolvido na campanha de Arraes, mas assim que assumiu o governo, Eduardo, juntamente com Pedro Eugênio, que era o Secretário de Agricultura, tratou de resolver minha situação, confiando a mim a coordenação de recursos hídricos da extinta CISAGRO, Regional de Serra Talhada.

Durante os dois primeiros anos de governo Arraes nossa presença no Palácio do Governo era constante, sem a necessidade de marcar audiência ou de ser acompanhados por qualquer deputado. Bastava passar no gabinete de Dudu e de lá ele tomava todas as providências, inclusive nos levava até o gabinete do governador, se preciso fosse.

O governo Arraes criou o Grupo de Ação Municipal - GAM, constituído de cinco servidores, do Estado, indicados pelo grupo político de Belchior, para executar as ações do Estado, já que o prefeito da época era adversário de Arraes.

Através do GAM nós executamos muitas ações. Podemos destacar algumas, como o projeto Mandioca em Fileira Dupla, através do qual foram distribuídas mudas e adubos para centenas de agricultores; distribuição de kits de irrigação, distribuição de silos para armazenamento de cereais, eletrificação rural de toda região do Brabo, Oitis, Barro Vermelho, Poção, Cacimba Limpa e muitas outras áreas; montagem de oficina para fabricação de carteiras escolares para abastecer a Região do Moxotó, investimentos na Associação de Quitimbú (fábrica de doces e de farinha), entre tantas outras ações.
Certa vez, Eduardo estava em nossa companhia fazendo uma visita ao Distrito de Maravilha e na passagem pelo rio do Ingá, o seu Opala Comodoro preto ficou atolado no rio. Depois de um banho de lama, Eduardo e todos nós que o acompanhava conseguiu sair do atoleiro. Aí eu aproveitei a oportunidade para dizer a ele: Tá vendo aí Eduardo, essa é uma das passagens molhadas que nós queremos fazer! Imediatamente ele me respondeu com uma pergunta: você tem como está em meu gabinete amanhã de manhã? Eu respondi que sim. Fui e já voltei com os recursos para fazer a passagem molha do Ingá e ela foi feita. 

Com a eleição de Belchior para a prefeitura de Custódia, Eduardo mais uma vez atendeu nosso pedido e me colocou a disposição da Prefeitura, e aí, foram dois anos de muita parceria e de bons resultados.

Como secretário municipal, construímos barragens, fizemos saneamento e muita assistência social. Na área da saúde coordenei a elaboração do projeto para implantação do SUS, que era um sonho de todo prefeito. Custódia foi o terceiro município do Estado a ter um projeto desses aprovado.

Ainda na área da saúde também coordenei o projeto de Agentes de Saúde e fizemos o primeiro concurso público da história do Município, para seleção de 65 Agentes de Saúde, a maioria deles prestando serviços até hoje.

Na política mais recente, mais precisamente depois da morte de Arraes, eu tive a satisfação de instalar o partido de Eduardo (PSB) em Custódia. Logo depois, devido as circunstâncias da política local, o partido foi para outras mãos, porém, a minha gratidão e admiração pelo grande Líder, Eduardo Campos, não morrerá.
Minhas condolências aos familiares, admiradores, amigos e correligionários.

São as saudações do vereador, Gilberto de Belchior.