Fiquei perplexo ao ler a notícia de que os americanos liberaram a importação do álcool brasileiro, quebrando as barreiras tarifárias sobre o nosso etanol, depois de muitas décadas de lutas, que envolveram vários governos, desde que o Brasil se tornou a principal potência produtora de álcool de cana de açúcar.
Desde meus tempos de estudante do curso de agronomia (1978 a 1982) escutei as autoridades, técnicas e governamentais dizerem que o Brasil poderia se transformar numa dais maiores potencias econômicas do planeta, através da exportação do etanol da cana de açúcar, desde que os americanos retirassem os subsídios do álcool do milho e liberasses as tarifas impostas ao nosso álcool.
Pois bem. Agora, depois da notícia da liberação do nosso álcool para o mercado americano vem a notícia de que os americanos é que já estão exportando álcool de milho para o Brasil. Pior ainda é saber que o governo brasileiro estaria limitando a saída do nosso álcool para não afetar o abastecimento interno.
Então, isso que dizer que passamos esses trinta anos do programa do álcool sendo vítima de propaganda enganosa do nosso governo? Onde diziam que o problema do Brasil era o protecionismo americano que não deixa que o nosso produto fosse exportado?
Agora fica provado que o Brasil, na realidade não produz álcool em quantidade suficiente para atender a nossa demanda interna e exportar o excedente e que o nosso País não tem uma política séria nem planejamento estratégico no campo da energia renovável.
Nesse contexto, o etanol, a exemplo do Pré-Sal, foi transformado numa questão política sem a necessária avaliação de conseqüências. Assim sendo, no curto prazo, a situação é péssima para a imagem do País no exterior que se promoveu como importante produtor e potencial exportador de etanol, algo que sensibilizou o mundo frente à constante ameaça de colapso no mercado do petróleo, seja pelo esgotamento do produto, seja pelas constantes guerras que acontecem nas áreas produtoras.
Seria trágico se não fosse cômico. Lutar pela abertura do mercado e não ter o produto para ofertar é muito mais que uma aguda inconsistência de avaliação, na medida em que pode ser tratado como blefe político (Carlos Alberto Fernandes, professor da UFRPE).
Enfim, com relação ao etanol, o mercado se abre, mas as portas se fecham. Se para uns é um sonho desfeito, para mim e para os mais críticos, é um crime de responsabilidade.